Serpente em hebraico
é NACHASH, palavra que tem a mesma guematria (numerologia) da palavra
MASHIACH (Messias) – 358. É como uma moeda de dois lados, um lado é serpente,
o mal, aquilo que esta ali para te desviar da tua consciência maior, de uma
abertura dentro de ti para receber o sopro divino, aquilo que é o messias,
que é o outro lado da moeda.A serpente é como
uma energia que esta “enrolada”, caótica, sem direção, e que ao ser liberada
toma uma direção...na verdade para ser liberada deve ser construído uma
dire-ação(direção) – kavaná.A serpente faz o
papel do satã, do símbolo do desvio, é o que alimenta todo e qualquer
pensamento que somos menos, que não podemos, não conseguiremos, nos embute
emoções como medo, insegurança e etc...para nos desviar de um estado mais
pleno.Você só contata o
sagrado se permitir desfazer-se de sua serpente, de suas intoxicações –
mundaneidades, que estão na base de seu desejo de querer para si.O sagrado esta
próximo do profano, o visita para desperta-lo a ascensão, mas não se mistura.
Quando somos
dominados pelos nossos impulsos, somos dominados pelas nossas inseguranças,
os desejos parecem estar sempre plugados em 220 w.O caminho da
espiritualidade muitas vezes aparece como forma de purificar estes desejos
que nos levaram e nos levam a cometer atos de magia, manipulação, sedução
como a serpente.Comandados pelo
desejo (desejo de querer para si) nos colocamos, como Nilton Bonder diz
(Sagrado), no caminho da intolerância aos caminhos bloqueados e a
intransigência do desejo que cegamente chicoteia o destino querendo se impor.O encontro da
mulher, Malka (Rainha de malkuth – reino) com a serpente nos remete ao
Gênesis, quando D’us afirma colocar inimizade entre as duas, isto é a mulher
(o desejo do corpo) não saber lhe dar com os desvios, os impulsos.
Encontra-la é como tirá-la de dentro de si. Não há nada de sexual no
encontro, mas a serpente é o bloqueio das energias que agora libertas podem
fluir.A serpente foi
ascendida? Para a Kabbalah a serpente volta para o seu
mundo, vira serpente, o que ocorre é que ela foi liberta de sua ligação com a
energia que a pessoa produz, agora seguirá a sua natureza animal...simples.Como fica Malka? A
mulher, o nosso desejo (vasilha)? Agora necessita ser preenchida não mais com
mundaneidades, frivolidades. Coisas sem nexo, mas agora é necessário
construir um novo caminho, ter intenção (kavaná).As diversas mascaras
que cada um de nós vestimos já não tapam mais a luz, ou pelo menos existe
agora um pequeno espaço onde a luz pode passar. Muitas mascaras são de
orgulho, vaidade e busca de poder, baseadas em raivas, ódios, em desejos que
ficaram em nossa memória. O passado esta sempre ali, atuando em nossas vidas
sem presente, pois estamos tão presos a emoções que ficaram lá, impedindo que
as nossas faltas fossem preenchidas. Queremos preencher este espaço – nos
deparamos com a angustia, e ela é tão insuportável, que nos tornamos um
impulso dela, pois tento me livrar dela a qualquer preço. A cada dia mais a
serpente me intoxica, negocia comigo a possibilidade de me livrar da angustia
de forma imediata, mas sem me libertar das emoções negativas que ainda
carrego.A serpente guarda
sensações e experiências que me deixaram lembranças de medo, culpa,
insegurança, falta de amor, falta de olhar e cuidado, e ainda por cima me
engana e me ilude com roupagens belas e maquiagens que garantem a minha
juventude e alegria...falsa alegria.Que a serpente possa
ter sido expulsa de nosso jardim do Éden (gan Éden, em hebraico) para que possamos
encontrar consigo mesmos.No vinho que tomamos
possamos ter re encontrado a alma perdida, pois o vinho é sangue e sangue é
alma, na Torá.E sangue é dam,
vermelho é dom, Senhor do meu Eu (Nome de D’us) é Adonai, Adam é o primeiro
homem. Adama é terra vermelha. E é no
vermelho que nos ligamos a energia do chão, básicas, onde a serpente se
arrasta, mas ela esta dentro de nós, enredada em nossas emoções, em nosso
chackra básico.Hoje olhamos a vida
de forma perdida, já não nos vestimos de tantas falsidades...o outro esta tão
mal quanto eu, mas ainda busco aquele que é perfeito, lindo, rico e feliz...e
não admito que ele não o seja, impomos esta imagem, mascara ao outro, que nem
sabemos se quer vestir ou veste.Cada um tem as suas
dores. Seus impulsos.Quando construo
minha vida neste sentido, para ser a outra pessoa, ou possuir o que ela tem,
me perdendo do que é sentido verdadeiro para mim...torno-me um escravo do
Egito, daquilo que venda meus olhos e me estreita a mente. Crio a idolatria.Idolatria é um tu
sem eu, é um eu que esta preso no tu. É a verdadeira anulação do eu e do tu.
Na sabedoria não existe eu sem tu, e Martin Buber diz que existe um eu e tu
eterno.No vermelho
encontramos nossos sentimentos mais primitivos, infantis, são os impulsos, a
energia básica que nos leva aos movimentos de sobrevivência – bom ou ruim,
pois pode levar a reprodução, ao amor ou nos levar a proteção pela raiva,
pelo medo – uma forma de sobrevivência. É este vermelho que nos impulsiona
para a libertação – através de Áries, conhecemos a paixão que nos devora ou
nos impulsiona. Neste vermelho é onde encontramos a terra, o barro (adama),
encontramos o primeiro homem (Adam) e sua mulher, é aqui que surge Nachash (a
serpente), é dela que surgem os desejos, e somos desejos, e o desejo de
sobrevivência é sexual – aqui podemos penetrar no mundo do amor, da
procriação ou da posse e poder sobre o outro. O quanto nos deixamos levar
pelo veneno da serpente é que indicará o caminho. Ela esta enrolada em nossa
base, nos sufoca, cria um véu que cobre a verdade. Nossa luta é retirar este
véu, sair do pecado, desenrolar a serpente, despertar o Massiach (Messias).Quando encobrimos
nossas ações, quando ficamos justificando o tempo todo o que somos, o que
fazemos ou fizemos...estamos enroladas na serpente, estamos na escuridão. Ela é que ajuda na
guerra da sedução – palavras, idéias, gestos...somos vitimas para nos colocar
superior ao outro. Afastando-nos da responsabilidade e de nossa verdadeira
função, afastando-nos de nós mesmos.Vermelho é Caim,
todo uma memória, de guerra, luta, morte, daquele que mata o irmão, Abel –
Ebel (vento, alma, transformação e movimento). Caim plantou “coisas” e vive
no mundo da matéria. Ele que dará origem a Esaú, o homem peludo e vermelho.A serpente é o que
se coloca entre eu e o meu desejo, é o que impede e me afasta da minha busca
mais profunda. Ela é o caminho da tentação, o pensamento de desvio, é quando
nos vemos no mundo da fuga, da ilusão, das confusões. Quantas coisas estão
nos iludindo hoje...?Enquanto Satã
significa desvio, vadiar, vagar ao redor do mundo, e é algo externo a nós, a
serpente é algo que esta dentro de nós. E dentro de nós existem vozes que nos
seduzem o tempo todo. É o veneno dela, que nos intoxicou e criou véus para
que podessemos olhar para dentro, fazendo com que nossa realidade esteja
baseada na derrota do outro. E quanto mais derroto o outro, mais diminuo sua
pessoa, importância. Satã ou Nachash nos colocam sozinhos neste mundo e
necessitamos vence-los, retirar de dentro de nós estas marcas, memórias tão
primitivas.Eles promovem a
exaltação da individualidade, da evolução a partir de um eu solitário, e que
se cobre de angustia e solidão.Nachash esta ali
para entrar na pessoa, quebrar o equilíbrio e deixar com que uma parte se desprenda,
o lado esquerdo, o mal, o rigor – aqui começa a desagregação, a fragmentação,
e assim o endeusamento desta parte que se soltou.Nachash é o domínio
e a posse, o desejo de poder, a insaciabilidade que não conhece repouso deste
domínio e posse, é tudo aquilo que não admite shabat, não admite freios no
instinto. São estes desejos e
impulsos que necessitam evoluir. Mas quando fazemos movimento investem contra
de forma muito explicita, com o trabalho da luz, podemos enxergá-los de forma
bem mais clara.São energias
caçadoras, procuram presas para serem desviadas da luz, para que passam
devorar, submeter, enroscar-se, asfixiar e possuir. É tudo que te quer parar.A serpente nos leva
a comer da arvore do conhecimento, a entrada no mundo da separação e dualidade,
do bem e do mal, através dela é que saímos da condição paraíso e conhecemos a
dimensão do conflito, da duvida, perdemos a luz e caímos na solidão, pois nos
separamos. A serpente nos diz que é bom estarmos separados, sós...mas é aqui
que mora o inferno, de dentro para fora, caminhamos solitários.Estou
terminantemente condenada a solidão, através da culpa, da baixo estima, do
medo, de tudo que me trava, bloqueai (casca) criadas por ela. Enquanto
estivermos impulsionados pelo desejo de posse, de ter e não ser, tudo na
nossa volta é uma “coisa”, um objeto, tudo é matéria, nada é alma. A sedução,
o sexo, o erotismo não se dá da alma para a alma, mas do eu para o corpo. Visa a posse e o poder.Através do sexo, a
serpente desperta mais desejo para poder se apossar do outro e fazer com que
este outro deixe de ser quem é, para que todos sejam absorvidos e sirvam a um
só, a aquele que domina e que quer ser endeusado.O desejo da serpente
é o desejo da destruição do outro, pois quer possuí-lo e domina-lo, maneja-lo,
querendo que viva para si.A serpente sempre
vai trazer a separação, enquanto que a cura é o amor, que traz a união. Nosso
trabalho é corrigir o amor, que nada mais do que a troca, dar e receber de
todas as partes, é a coluna do meio, o equilíbrio. Pois tudo isto nos eleva a
união, a unidade.A serpente é contra
a humanização, e nosso trabalho é de nos humanizar. Amar é sair em busca da
unidade perdida.
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